No finalzinho do mês de abril de 2017, numa ensolarada manhã de domingo, percorremos uma estrada de terra vermelha que leva ao Quilombo da Fazenda, uma comunidade quilombola localizada no sertão do extremo norte do município de Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Com nossos corações cheios de esperança e uma ideia chamada Plana (o sonho que personifica nosso propósito), chegamos àquele território cheio de histórias e saberes.

A educação é uma poderosa ferramenta de transformação social, e a equidade racial é um objetivo fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Neste artigo, discutiremos o papel da educação na promoção da equidade racial e destacaremos a importância de conhecer e valorizar as comunidades quilombolas como parte desse processo.

A Lei 10.639/03, promulgada em 2003, é um marco na legislação brasileira que exige o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Ela reconhece a importância de abordar as contribuições e a diversidade cultural dos povos negros na construção da sociedade brasileira. Para efetivamente cumprir essa lei e promover uma educação inclusiva, uma estratégia poderosa é a incorporação de vivências no quilombo como recurso pedagógico.

Nós já sabemos que o Brasil é um país diverso e que essa diversidade é um enorme tesouro. Uma parte fundamental da história de nosso país é a contribuição dos africanos que, trazidos como escravizados, não apenas resistiram, mas também trouxeram consigo uma riqueza de conhecimentos, práticas e tecnologias que desempenharam um papel essencial na construção do Brasil. Hoje, vamos passear pela herança africana nas comunidades quilombolas e como esses saberes tradicionais desempenham um papel vital nas tecnologias socioambientais.

Em um mundo cada vez mais globalizado e interconectado, a diversidade cultural é uma riqueza que fortalece nossa sociedade. Para entender verdadeiramente a importância da diversidade, equidade e inclusão, é essencial vivenciar experiências que nos aproximem das realidades de diferentes grupos culturais. Uma maneira poderosa de fazer isso é através das Vivências nos Quilombos, oferecidas pela Plana, onde visitantes têm a oportunidade de se conectar com as comunidades quilombolas através das oficinas facilitadas pelos próprios comunitários, que compartilham seus saberes tradicionais, histórias de resistência, lutas e conquistas.

Que o Brasil é uma nação diversa, nós ja sabemos. Porém, para entender a história de nosso país, é essencial olhar para além dos livros de história convencionais e ouvir as narrativas dos povos originários e das comunidades tradicionais. Essas comunidades têm desempenhado um papel fundamental na construção do Brasil e na preservação de tradições que, de outra forma, já teriam caído no esquecimento. Ao escutarmos as histórias contadas por essas comunidades, ampliamos nossa consciência sobre a real formação de nossa sociedade.