No finalzinho do mês de abril de 2017, numa ensolarada manhã de domingo, percorremos uma estrada de terra vermelha que leva ao Quilombo da Fazenda, uma comunidade quilombola localizada no sertão do extremo norte do município de Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Com nossos corações cheios de esperança e uma ideia chamada Plana (o sonho que personifica nosso propósito), chegamos àquele território cheio de histórias e saberes.
Ao desembarcar, nossos olhos foram imediatamente cativados pela beleza da comunidade, pelas cores que o sol projetava sobre a mata exuberante. Mas a verdadeira beleza daquele lugar se revelou quando conhecemos o saudoso Zé Pedro, como carinhosamente passamos a chamar de Seu Zé.
Enquanto conhecíamos a Casa de Farinha, espaço central e cultural do quilombo, notamos crianças rindo e brincando de roda. Ficamos ali, maravilhadas com aquela atmosfera. Olhamos ao redor e notamos um senhor de chapéu marrom e bengala caminhando lentamente. Vê-lo caminhar em nossa direção, com uma certa magia, nos enchia de esperança e ansiedade. Seu Zé nos recebeu e, num misturado de emoções e palavras de agradecimento por ele nos receber, iniciamos uma gostosa conversa.
Com seu sorriso gentil, Seu Zé Pedro nos acolheu e nos ouviu com atenção enquanto compartilhávamos o nosso sonho de um turismo que remava contra a maré, onde a comunidade quilombola pudesse ser protagonista do processo. Foi ali, naquele encontro lindo, que a semente da amizade e da colaboração foi plantada.
Seu Zé, que partiu em 2021, foi um membro muito importante da comunidade e de toda a região, um guardião de histórias, saberes e tradições, um grande líder e comunicador. Ele compartilhou conosco as lutas e conquistas do quilombo, a importância de preservar as práticas tradicionais e o território. Sua sabedoria e simplicidade eram imensas, e sua generosidade em relação à nossa visão nos motivou a seguir em frente e persistir em nosso sonho.
Durante duas horas ele nos contou histórias que nos fizeram rir e chorar. Ele nos falou sobre suas origens e, pela análise do formato do nariz de Lili, deu um palpite sobre as origens dela. Ele nos fez entender o profundo respeito que a comunidade tem pela natureza e a importância deles como guardiões das sabedorias ancestrais.
Seu Zé Pedro acreditou em nosso sonho, ele viu na Plana a oportunidade de conectar o quilombo com o mundo exterior de forma respeitosa, de preservar sua cultura e suas tradições através das vivências, e de proporcionar oportunidades para as futuras gerações. Ele nos deu sua bênção, seu apoio e sua amizade.
Naquele dia, nos despedimos do Quilombo da Fazenda com uma frase do seu Zé Pedro: “É preciso dormir sonhando, para acordar sorrindo!”, e com os corações cheios de gratidão, partimos dessa que era apenas a primeira de muitas outras visitas que estavam por vir.
O encontro com seu Zé Pedro e com os demais amigos do Quilombo da Fazenda nos ensinou que a amizade é uma potente e linda ferramenta, e que através da amizade e da colaboração os sonhos se realizam.
Os vínculos e conexões criados a partir dessa visita continuam a ser uma parte especial da jornada da Plana Vivências e uma permanente lembrança de que com amizade, visão e respeito, podemos fazer a diferença e criar um mundo melhor juntos.
Seu Zé Pedro será sempre lembrado com muito amor e gratidão. Seguimos contando as histórias que aprendemos com ele, como uma forma de honrar sua memória. E seguimos nutrindo nossa amizade e parceria com os queridos amigos do Quilombo da Fazenda, as pessoas que marcaram o início da nossa trajetória enquanto Plana Vivências!
Que tal conhecer o Quilombo da Fazenda junto com a Plana Vivências? Em parceria com a equipe responsável pelo Turismo de Base Comunitária da comunidade, desenhamos roteiros para que você possa viver uma experiência de viagem transformadora a partir do contato com a cultura e os saberes tradicionais quilombolas. Viva essa imersão cultural conosco!
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